
A deputada estadual Daniella Jadão Meneses Cunha, conhecida como Daniella, esposa do ex-prefeito de Caxias e atual secretário de Agricultura do Maranhão, Fábio Gentil, é um dos principais nomes mencionados na investigação da Polícia Federal que apura um suposto esquema de fraudes em contratos milionários da educação em municípios do Maranhão. A parlamentar é apontada como “intermediária política” no direcionamento de licitações ligadas ao fornecimento de material didático com recursos do Fundeb.
O caso teve início em janeiro de 2022, quando a Polícia Rodoviária Federal apreendeu R$ 575,8 mil em espécie dentro de um carro na BR-316, em Peritoró. O veículo estava em nome de Zarle Jadão Meneses, mãe da deputada, e era ocupado por Hugo Fabiano Roriz Menezes, parente próximo de Daniella, e por Mauro Sérgio Britto Silva. Ambos se tornaram alvos das operações conduzidas pela PF e pelo Ministério Público Federal. O flagrante foi considerado o ponto inicial, levantando suspeitas sobre a origem dos valores e desencadeando a investigação.
Segundo decisão do desembargador federal Marcos Augusto de Sousa, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), com base nas investigações, Daniella teria usado sua influência política para favorecer a empresa Pilares do Saber Ltda. na assinatura de contratos sem licitação com prefeituras maranhenses. Em troca, a parlamentar receberia percentuais dos valores pagos, repassando parte do montante a familiares.
As apurações destacam a participação direta de Hugo Fabiano Roriz Menezes, ligado ao núcleo empresarial da Pilares do Saber, e de Rogério Roriz Menezes, pai da deputada, citado como beneficiário financeiro. Esse elo familiar reforça a suspeita de que o suposto esquema misturava articulação política, empresa de fachada e repasses a parentes próximos.
Mensagens de celular analisadas pelos investigadores indicam tratativas de Daniella com prefeitos maranhenses para viabilizar os contratos. Em Santa Inês, administrada pelo prefeito Felipe dos Pneus (PP), também alvo da operação, os pagamentos à Pilares do Saber superaram R$ 575 mil em aquisições de material didático. A mesma prática, segundo a PF, teria sido replicada em outras cidades.
Com base nos indícios, a Justiça Federal autorizou mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados, com a coleta de documentos, computadores e mídias digitais. O desembargador permitiu ainda o compartilhamento das provas com órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União (CGU), caso sejam encontrados indícios de irregularidades em novos municípios.
Documentos obtidos pela Folha do Maranhão apontam que a deputada, seu pai Rogério Roriz Menezes e o parente Hugo Fabiano Roriz Menezes formam um núcleo familiar diretamente beneficiado pelo esquema, conforme os autos da investigação. Além do esposo, Fábio Gentil, que também foi alvo da primeira fase da operação “Lei do Retorno”.
A Folha do Maranhão tentou contato com a deputada, mas até o momento, a parlamentar não se manifestou sobre as acusações. Em nota, divulgada ainda na primeira fase da operação, Daniella afirma que não há qualquer indício de irregularidade em sua atuação parlamentar e que confia plenamente no trabalho das instituições. Afirmou ainda que sua equipe jurídica acompanha o caso de perto e está inteiramente à disposição para eventuais esclarecimentos. Por fim, afirmou que segue com a consciência tranquila e reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito ao interesse público
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